Vacina contra dengue produzida nos EUA será testada no Brasil
http://www.trilivre.com.br/2013/02/vacina-contra-dengue-produzida-nos-eua.html
A dengue afeta cerca de 100
milhões de pessoas e leva pelo menos 500 mil para o hospital a cada ano, de
acordo com a Organização Mundial de Saúde. Para conter a doença, milhões de
dólares têm sido investidos na prevenção e na busca de uma vacina. “É importante
que se invista em pesquisas para encontrar um imunizante que forneça proteção
contra os quatro sorotipos do vírus causador da enfermidade”, diz o médico Ciro
de Quadros, presidente do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington.
Na semana passada, o
Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos anunciou
ter dado um passo importante nesse sentido. Uma vacina criada para imunizar
contra esses quatro tipos do vírus revelou-se bastante promissora: protegeu 90%
dos participantes dos testes contra os subtipos 1, 3, e 4 e forneceu bons
resultados contra os quatro subtipos em 45% dos voluntários. “Houve indivíduos
que ficaram completamente imunizados contra os quatro tipos”, diz o médico
Alexander Precioso, diretor da divisão de Ensaios Clínicos do Instituto
Butantan, de São Paulo. É a primeira vacina a alcançar esse patamar de
eficácia.
O novo imunizante
tetravalente foi feito a partir de amostras dos vírus atenuados. Modificados
geneticamente, eles são enfraquecidos para não provocar a doença, mas conservam
as características que levam o sistema imunológico a criar anticorpos para se
proteger contra o agressor. Chamada de TetraVax-DV, a solução injetável foi
dada a 112 voluntários com idades entre 18 e 50 anos que nunca tiveram dengue.
Os testes foram coordenados pela pesquisadora Anna Durbin, da Universidade
Johns Hopkins, em Baltimore.
“O que é promissor nesta
vacina é que, com apenas uma dose, ela obteve uma forte resposta imunológica”,
disse Stephen Whitehead, pesquisador que liderou o desenvolvimento do produto.
“Outras vacinas em desenvolvimento requerem duas a três injeções, e em doses
mais elevadas, para atingir resultados semelhantes”, disse o cientista.
A vacina será testada no
Brasil assim que obtiver a liberação da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. “Recebemos os vírus atenuados dos Estados Unidos e a fabricamos
aqui”, explica Alexander Precioso, do Instituto Butantan. O produto será dado a
300 voluntários, divididos entre os que não tiveram a enfermidade e os que já
apresentaram a doença. Além de verificar a segurança e a resposta induzida pelo
imunizante contra os quatro sorotipos do vírus, o estudo brasileiro irá
acompanhar os pacientes por cinco anos para observar como a proteção evolui e
de que modo ela se mantém. Os especialistas também avaliarão a necessidade de
mais de uma dose da vacina. A pesquisa será realizada em parceria com a
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Há mais fórmulas candidatas
à vacina em vários estágios de desenvolvimento. Todas enfrentam dificuldades,
como a falta de conhecimento existente sobre a maneira como o vírus interage
com o organismo humano. Uma das substâncias que se encontram em fase mais
avançada, segundo especialistas, é a que foi criada pelo laboratório Sanofi
Pasteur. Ela é feita com vírus da febre amarela modificado geneticamente para
conter partes do vírus da dengue.
“Os resultados de estudos em
andamento no Brasil, conjuntamente com os de outros na América e Ásia, deverão
estar disponíveis no final de 2014”, diz o infectologista Luiz Jacintho da
Silva, de São Paulo, diretor do projeto internacional Dengue Vaccine
Initiative. Dados preliminares sugerem que teve bom desempenho contra os tipos
1, 3 e 4, mas não mostrou eficácia para o tipo 2. Há também estudos na Fiocruz.
Já as indústrias Merck e a Glaxo¬SmithKline estudam vacinas com o vírus
inativado. Outro produto, do laboratório Inviragen, está em teste em Porto
Rico, Colômbia e Tailândia.
Fonte: Midiamaxnews