Diabetes: doença silenciosa atinge 14,3 milhões de brasileiros
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O diabetes é uma doença silenciosa e que atinge grande parcela da população, que na maioria das vezes sequer tem consciência de que sofre com o mal. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 14,3 milhões pessoas têm a enfermidade no Brasil. Só no Estado, em 2015, cerca de 21.192 foram internadas por complicações da patologia.
E, para conscientizar a população sobre os riscos da doença, esta segunda-feira (14) é inteiramente dedicada ao Dia Mundial do Diabetes, data que serve de alerta para necessidade da prevenção e diagnóstico precoce do problema.
Entenda
De acordo com a endocrinologista Karen Cristina Alegre, o diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pela elevação da glicose no sangue, a chamada hiperglicemia. Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, e sua deficiência pode ocasionar problemas graves de saúde.
O diabetes pode ser dividido em dois principais tipos: o do tipo 1 (DM1) ou do tipo 2 (DM2). Os sintomas característicos da doença são decorrentes do excesso de açúcar no sangue e incluem a poliúria (excesso de urina), podipsia (sede em demasia), poligagia (aumenta da fome) e cansaço crônico. Pode ocorrer também a perda de peso, o que é mais frequente no tipo 1. Nesta situação, o tecido gorduroso e muscular é utilizado com fonte de energia.
O primeiro tipo de diabetes acontece quando o sistema imunológico ataca as células beta pancreáticas, por meio da formação de anticorpos, levando à deficiência de insulina. Em geral, costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária.
"Se o tratamento não for realizado rapidamente, os sintomas podem evoluir para desidratação severa, sonolência, vômitos, dificuldades respiratórias e coma. Esse quadro mais grave é conhecido como cetoacidose diabética e necessita de internação para tratamento", explica a médica.
Já a enfermidade de tipo 2 é a que acomete 90% dos pacientes diabéticos. Ocorre quando o organismo não consegue usar, de maneira adequada, a insulina que produz e quando há o comprometimento da secreção de insulina para controlar a glicemia. Em sua maior parte, o diabetes tipo 2 se manifesta em adultos e, dependendo da gravidade, pode ser controlado com atividade física, dieta e uso de medicamentos. A prevalência deste tipo de doença tem aumentado dramaticamente em todo o mundo em razão da obesidade, do sedentarismo e do envelhecimento global.
Fator genético
A força da hereditariedade é mais importante no diabético tipo 2, afirma a especialista. Se houver uma predisposição genética forte, em que o indivíduo tem pais e avós diabéticos, dificilmente poderá evitar a doença.
Porém, seu aparecimento poderá ser retardado através da adoção de hábitos saudáveis como a prática regular de atividades físicas, consumo de dieta balanceada e combate ao tabagismo e à obesidade.
Na patologia de tipo 1, o organismo age como se o pâncreas fosse um corpo estranho e passa a destruí-lo. "Em muitos casos, uma infecção por vírus pode desencadear o processo, que só ocorre quando há interação do agente externo com algumas características do sistema imunológico do indivíduo. Essa agressão autoimune provoca a deposição de linfócitos no pâncreas que, aos poucos, perde sua função e deixa de fabricar insulina. Nesse caso, a hereditariedade entra como um fator indireto e bastante complexo do diabetes".
Perigos
A manutenção de níveis elevados de glicemia pode levar a complicações oculares (retinopatia), neurológicas (neuropatia) e renais (nefropatia diabética).
"A nefropatia diabética é uma das principais causas de rins terminais e necessidade de hemodiálise, assim como cegueira por catarata. Nos caso dos homens, a manutenção dos níveis elevados de glicemia, podem levar a impotência. Pacientes diabéticos também têm maior risco de ter acidentes vasculares cerebrais (AVC) e infarto agudo do miocárdio. Por isso, tratar diabetes vai além de manter os níveis adequados de açúcar no sangue. É na verdade impedir as complicações micro e macrovasculares", alerta Karen.
Diabetes x Hipertensão
A relação entre o grande número de indivíduos diabéticos e hipertensos ocorre em virtude de diversos fatores, relata a especialista. O crescimento e envelhecimento populacional, maior urbanização, aumento da prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como da maior sobrevida de pacientes com diabetes influenciam, e muito, no aumento de casos da doença.
"Diabetes e hipertensão não estão diretamente relacionadas, mas podem se associar sobretudo em indivíduos sedentários, obesos, com níveis elevados de colesterol, tabagismo, consumo excessivo de álcool e baixo consumo de frutas e verduras. Nesse sentido, o consumo de alimentos industrializados e refrigerantes com alto teor de sódio, podem ser muito prejudiciais para pacientes hipertensos".
Tratamento
Os tratamentos devem ser avaliados caso a caso, de forma bastante individualizada. Pacientes com diabetes tipo 1 precisam ser tratados com insulina para sua sobrevivência. Já os portadores do tipo 2 podem ser tratados com antidiabéticos ou insulina. Para todos os pacientes o tratamento requer certos sacrifícios, como a mudança de hábitos alimentares e estímulo à prática de atividades físicas.
Vale lembrar que, antes de o paciente começar qualquer exercício, é preciso passar por uma avaliação de um cardiologista. E para aqueles que desejam utilizar suplementos alimentares, para complementar a dieta, atenção: é preciso consultar um nutricionista, devido aos riscos de hiper e hipoglicemia com a ingestão destes produtos.
"O tratamento passou por um grande avanço nos últimos anos e hoje dispomos de amplas possibilidades de medicamentos, que são de excelente qualidade para o controle do diabetes, sendo que alguns deles até diminuem a incidência das complicações da doença".
Pesquisas
A diabetes ainda não tem cura. No entanto, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos, sendo que os principais vislumbram o transplante de células beta pancreáticas, produtoras de insulina.
"São pesquisas ainda em fase inicial, e que esbarram na dificuldade de se contornar o sistema imunológico, que como em qualquer outro transplante, tende a rejeitar o enxerto recebido. No caso de órgãos, driblar esse sistema é mais fácil pois trata-se de órgãos de grande volume, já no caso de células, a dificuldade é maior".
Fonte:A Tribuna